Todos nós, em algum momento, já sentimos a dúvida de estarmos ou não preparados para uma determinada tarefa ou para ocupar um determinado cargo. O medo e a insegurança podem surgir e, conseqüentemente, a sensação de falta de controle da situação. E, ao alcançar o sucesso, muitas vezes experimentamos, ao invés de prazer, apenas a sensação de alívio ou ainda, uma percepção equivocada de que foi “ao acaso”.
Conhecida popularmente como “Síndrome do Impostor”, esse fenômeno pode ocorrer com qualquer indivíduo é bastante comum em momentos onde a pessoa está iniciando a carreira ou não possui todos os conhecimentos necessários para atuar de maneira segura ou ainda, em profissões competitivas ou em nas quais as pessoas são avaliadas e testadas a todo momento, como nas áreas da saúde e do ensino, e costuma atingir as pessoas mais predispostas a aceitar críticas e falhas.
Síndrome do Impostor refere-se a um conjunto de sensações e sentimentos que reúne medo, dúvida, apreensão e um ciclo de ansiedade derivado do sucesso. Muitas pessoas, apesar de totalmente capazes em determinada área, experimentam sentimento de negação após obterem o sucesso. Acreditando que o sucesso deve-se ao acaso ou alguma coincidência de força maior. Tais pessoas sofrem com o medo de que suas conquistas não tenham sido fruto efetivo do trabalho duro, competência ou talento.
Sentimentos indesejáveis
Quando superamos um grande desafio como se sair bem em um vestibular concorrido, conseguir um bom emprego ou uma promoção no trabalho, é esperado ficarmos felizes e realizados.
Porém, muitas vezes, em conseqüência ao desequilíbrio gerado pelo processo em si, onde a pessoa enfrenta muitas dificuldades e privações ou ainda, não se sente totalmente preparada e assume o “risco”, o resultado desta “equação” será o esgotamento e a sensação de que não valeu a pena, frente à dificuldade enfrentada. Ou ainda, a sensação de que não “fez mais do que a obrigação”. Afinal, qual foi o preço do sucesso? E seu gosto? Doce ou amargo? Sob a ótica da Análise do Comportamento, o comportamento operante (o que nós fazemos) é selecionado pelas conseqüências no qual ele é capaz de produzir. Ou seja, todo esse sentimento de “fracasso” gerado (isso mesmo. Mesmo que sejamos bem sucedidos, às vezes o sentimento é de frustração) reforçará negativamente e fortalecerá o padrão ansioso do indivíduo, gerando crenças equivocadas sobre si mesmo.
Por que afeta tantas pessoas?
Sentimentos de impostor são observados em pessoas que cresceram em ambientes familiares com altas cobranças por resultados e boas performances. Pais que enviam mensagens mistas, alternando críticas e elogios tendem a aumentar o risco do surgimento desse sentimento de fraude. Quando as crianças não recebem elogios por suas conquistas e ouvem os pais atribuírem o sucesso a outro fator, como sorte, por exemplo, elas tendem a duvidar do seu potencial.
O ambiente é um grande influenciador para a manutenção deste comportamento. Pessoas que embarcam em grandes empreendimentos ou cargos maiores em empresas e que, muitas vezes são colocados diante de tarefas para as quais não estão 100% preparados podem apresentar dificuldade em aceitar que são merecedores do sucesso.
Dicas para combater o impostor
Autoconhecimento é a mais importante delas. Confirmar e entender a presença desse problema é o primeiro passo para a resolução dele.
Para muitas pessoas, esse sentimento não tem nome. Creem que é o resultado da falta de experiência ou de capacidade de si mesmo que traz esses sentimentos negativos à tona. Reconhecer que você é uma pessoa que se sabota e que tende a não reconhecer as próprias conquistas oferecerá visões diferentes sobre o problema.
Descubra pontos fortes. A chave para a criação de um ponto forte é a identificação de seus talentos dominantes.
Mudança de pensamento. Reformule o modo de como encara suas conquistas. Você não subiu de cargo porque fulano foi demitido. Você não passou naquela prova difícil por que naquele ano estava mais fácil. Não menospreze seus sucessos, dos menores aos maiores.
Converse com um psicólogo. A psicoterapia pode oferecer ferramentas para ajudar a quebrar o ciclo do pensamento impostor.
Texto: Carolina Kiuchi e Márcia Romeiro

Márcia Elizabeth da Silva Romeiro
Psicóloga | Resp. Técnica CRP 06/107472
- Formação
- Psicóloga formada pela Universidade de Mogi das Cruzes
- Especialista em Análise do Comportamento pela Universidade de São Paulo – USP
- Especialização em Psicopedagogia pela Universidade Braz Cubas
- Formação em Terapia Cognitiva Comportamental – Centro de Estudos em Terapia Cognitiva Comportamental – CETCC